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Clonagem é o processo de geração assexuada de um organismo
geneticamente idêntico a outro organismo do qual foi derivado.
Tal processo é desenvolvido através de avançados recursos
da tecnologia de engenharia genética.
O processo de clonagem para mamíferos, realizado com
grande sucesso em experiências recentes, consiste na extração
do núcleo de uma célula animal e sua implantação em um óvulo
fertilizado, cujo núcleo fora previamente retirado. Nas primeiras
tentativas deste tipo de experiência foram utilizados sapos,
quando se acreditava na impossibilidade de clonagem a partir
de mamíferos adultos.
No ano de 1997, o embriologista escocês Lan Wilmut, do Instituto
Roslin de Edimburgo, foi o primeiro a obter grande êxito
na realização da clonagem em mamíferos em fase adulta: a ovelha
Dolly, representando um resultado pioneiro das experimentações
de clonagem, ganhou as capas das mais importantes publicações
científicas e da imprensa mundial. Tendo realizado suas pesquisas
durante vinte anos, Wilmut conseguiu mostrar que a impossibilidade
da clonagem de mamíferos adultos estava ultrapassada, pois
comprovou que as células somáticas dos organismos de mamíferos
adultos possuem todas as informações genéticas necessárias
na reprodução de um organismo completo. Em sua experiência,
Wilmut e sua equipe retiraram células das mamas da ovelha
a ser copiada. Tais células foram armazenadas e cultivadas
por um curto período de seis dias, posteriormente uma delas
sendo selecionada e isolada das demais. Esta célula foi então
fundida a um ovo fecundado, cujo núcleo fora removido através
de sofisticados processos que envolvem correntes elétricas
como intstrumentos. O ovo fertilizado foi posteriormente implantado
no útero de uma outra ovelha, assim dando seqüência à
gestação normal. Ao final do período de gestação, foi produzida
uma nova ovelha, idêntica àquela cujas células foram extraídas
da mama. Apesar da imensa divulgação da experiência, o próprio
Wilmut, em 1998, pôs em dúvida o resultado obtido, tendo porém
declarado que repetiria a experiência para efeito de confirmação
do sucesso deste procedimento de clonagem.
A clonagem poderá consistir num processo de extrema utilidade
para o homem: seu emprego poderá ocorrer, por exemplo, na
indústria farmacêutica, tendo por exemplo a produção de insulina
e vários tipos de hormônios, além dos próprios avanços obtidos
no estudo do comportamento do material genético nos seres
mais complexos. A clonagem, ainda, possibilitará a criação
de animais com características vantajosas: por exemplo, no
caso das ovelhas, a clonagem possibilita a criação de ovelhas
portadoras da melhor espécie de lã. Da mesma forma, haverá
a possibilidade de produção de órgãos humanos sadios, cujo
desenvolvimento poderá ocorrer em organismos de outros
animais, para depois serem transplantados. Por outro lado,
a questão da clonagem toma rumos bastante controversos, sobretudo
após o sucesso das experiências que geraram a ovelha Dolly:
com o avanço deste processo, em direção à possibilidade da
produção de seres humanos idênticos, entram em debate no meio
científico as questões éticas decorrentes. Os avanços da engenharia
genética, algumas implicações éticas
e seus hipotéticos efeitos na história do homem, como a alteração
genética e a miscigenação de diferentes espécies animais entre
si e ainda a reprodução de classes de seres humanos geneticamente
condicionadas a uma função social, passaram a ser discutidos
desde a primeira metade do século XX em algumas obras da ficção
literária como A Ilha do Dr. Moreau, de H.G. Wells,
e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.
Em 22 de janeiro de 2001 o Reino Unido legalizou as pesquisas
para a clonagem de embriões humanos com finalidade terapêutica,
tornando-se o primeiro país a admitir a clonagem humana em
sua legislação. Em decisão tomada na Câmara dos Lordes, que
formou uma comissão para avaliar o assunto, as pesquisas para
a clonagem de embriões já foram liberadas. Esta mudança na
legislação britânica teve a aprovação inicial da Câmara dos
Comuns em dezembro de 1999. A lei, no entanto, continuará
não tolerando a criação de bebês através do mesmo processo,
permitindo apenas a criação de embriões, que devem ser destruídos
14 dias após a criação, não chegando a se desenvolver, portanto,
até o estágio fetal. Através de pesquisas sobre um
tipo de célula que pode se transformar em quaisquer células
do organismo humano e que está presente nos embriões recém-formados
- as chamadas células-tronco -, os cientistas acenam com a
possibilidade de cura para diversas doenças, como o mal de
Parkinson, o mal de Alzheimer e o diabete. Isto será possível
com a substituição ou regeneração de células defeituosas que
causam tais doenças. Mas permanecem as controvérsias e questões
éticas sobre o assunto, recorrentes tanto nos meios políticos
como religiosos, pois a legalização das pesquisas com embriões
gera as condições iniciais necessárias para a criação de um
ser humano clonado, prática que, no entanto, permanece ilegal
no mundo todo.
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